Manifesto
Não queremos formar crianças, pois não pretendemos formatar caminhos a partir de modelos preconcebidos. Queremos revisitar conceitos da educação infantil para pensar novas linhas de aprendizado e desaprendizado. Confiamos em práticas de experimentação. Buscamos trazer questões sensíveis às demandas do nosso tempo, aliando-se a pautas feministas, LGBTQI+, antirracistas, indígenas e narrativas descoloniais, repensando as histórias e as relações ligadas à formação do país.Não acreditamos no olhar defeituoso dos adultos, que reproduz expectativas e cobranças. Procuramos desconstruir a ideia de ingenuidade sobre as infâncias, respeitando seus posicionamentos e sentimentos sem duvidar de sua capacidade de interação com o mundo. Queremos aprender e trocar com elas, gerando mais perguntas do que respostas. Queremos ter crianças professoras, além de crianças alunas. Renovamos nossa metodologia cotidianamente, a partir da escuta do aluno, da família e das comunidades, conjugando tradição e experimentação, regras e desvios, rotas e fugas, autorias individuais e compartilhadas. Aproximamos as crianças da arte feita na contemporaneidade, promovendo encontros com artistas, exercitando vivências poéticas e encorajando a imaginação. A arte de nosso tempo não obedece, é também indisciplinada.
Buscamos substituir certezas absolutas e totalitárias por questionamentos, afirmando a pedagogia do afeto como atributo da prática artística. Nos aproximamos das crianças incentivando sua autonomia e emancipando-as de sentimentos de inferioridade, promovendo a empatia e a solidariedade. Não confiamos na ideia de um mundo preconcebido, nosso modo de estar nele pode mudá-lo. Desejamos respeitar o tempo de cada ser e do coletivo sem impor velocidades. Urge valorizar o tempo livre, fora da lógica moderna de produtividade. Compreendemos o ser humano como parte da natureza. Estamos na floresta desenvolvendo uma consciência ecológica, uma solidariedade entre espécies e formas de vida.